Após 57 anos de carreira artística marcada por papéis memoráveis na televisão e no cinema, Glória Pires finalmente assume o comando de uma produção cinematográfica. 'Sexa', que estreia nos cinemas brasileiros em 11 de dezembro de 2025, representa muito mais que um filme: é um marco na trajetória da atriz e uma afirmação de poder criativo de uma mulher que recusa-se a ser invisível.[1][2]
Durante a première no Festival do Rio em outubro de 2025, na seleção Hors Concours, Glória compartilhou um momento profundamente pessoal. "Em 57 anos de vida artística, não me lembro de viver um momento tão intenso quanto esse", declarou ela no tapete vermelho do evento.[2] Essas palavras resumem a magnitude de sua estreia na direção, um passo que consolida sua evolução como artista multifacetada.
A Trama que Desafia Convenções Sociais
'Sexa' conta a história de Bárbara, uma mulher que acaba de completar 60 anos e enfrenta os dilemas complexos do envelhecimento feminino em uma sociedade que insiste em invisibilizá-la.[3] Trabalhando como revisora de textos, Bárbara divide seus dias com conversas irreverentes e cheias de sarcasmo com sua melhor amiga e vizinha Cristina (interpretada por Isabel Filardis), com quem compartilha frustrações, piadas sobre a vida e reflexões sobre o desaparecimento do colágeno—tudo regado a vinho e bom humor.[1]
Após uma série de relacionamentos frustrantes, Bárbara toma uma decisão radical: abandonar completamente a ideia de encontrar novo amor. Decide que será a mulher madura, recatada e do lar que a sociedade espera que ela seja. Porém, o destino tem outros planos. Um encontro inesperado muda tudo quando ela conhece Davi (Thiago Martins), um viúvo 25 anos mais jovem que despertará nela sentimentos que ela acreditava ter enterrado para sempre.[2][4]
A partir desse encontro, Bárbara enfrenta o dilema central do filme: viver intensamente esse amor arrebatador ou render-se aos julgamentos sociais e ao medo da diferença de idade? É nesse conflito que reside a força narrativa de 'Sexa'—uma comédia que não apenas entretém, mas provoca reflexões profundas sobre autonomia feminina, desejo e o direito de ser feliz independentemente da idade.
Um Elenco de Peso e Produção de Qualidade
Além de Glória Pires e Thiago Martins, o filme reúne nomes consagrados do cinema e da televisão brasileiros. Isabel Filardis interpreta Cristina, a amiga que oferece suporte e humor; Danilo Mesquita vive Rodrigo; Eri Johnson, Rosamaria Murtinho, Dan Ferreira e Déa Lúcia completam um elenco robusto que garante qualidade nas interpretações.[1][3]
A produção é fruto de uma parceria entre Giros Filmes, Audaz e Paramount Pictures, com roteiro assinado por Guilherme Gonzalez.[3] Essa estrutura produtiva sólida promete uma experiência cinematográfica polida e profissional, que vai além das produções independentes, trazendo recursos e expertise de grandes estúdios para uma história genuinamente brasileira.
O Trailer que Conquistou o Público
Após a première no Festival do Rio, a Elo Studios divulgou o trailer oficial em dezembro, gerando expectativa considerável entre cinéfilos e fãs de Glória Pires.[3] O trailer apresenta um tom leve e provocador, equilibrando humor e sensualidade de forma inteligente. As cenas revelam a química entre os protagonistas e a dinâmica divertida entre Bárbara e Cristina, promovendo exatamente o que o título sugere: uma comédia que celebra a sexualidade e o desejo feminino sem culpa ou vergonha.
Por Que 'Sexa' Importa para o Cinema Brasileiro
Em um cenário cinematográfico onde mulheres com mais de 60 anos raramente ganham papéis principais, 'Sexa' representa uma ruptura importante. O filme não apenas coloca Glória Pires como protagonista absoluta, mas também a eleva à posição de diretora, autora de sua própria narrativa visual. Isso é revolucionário em um mercado ainda dominado por homens.
A temática também resgata conversas urgentes: o direito das mulheres maduras ao amor, ao desejo e à sexualidade; a luta contra o padrão de beleza que exclui quem envelhece; e a recusa em aceitar as expectativas sociais como destino inevitável. Bárbara não é uma heroína trágica que encontra paz na resignação—ela é uma mulher que escolhe viver plenamente, e isso é profundamente político.
'Sexa' chega aos cinemas em um momento crucial para o cinema brasileiro, oferecendo uma alternativa genuína às narrativas hollywoodianas e às produções que insistem em ignorar a riqueza de histórias que podem ser contadas sobre mulheres na meia-idade e além.