Em junho de 2025, o mundo do entretenimento norte-americano foi sacudido por uma denúncia grave: Derek Dixon, ator que participou da série The Oval e de Ruthless, ambas produzidas por Tyler Perry, entrou com uma ação judicial de US$ 260 milhões contra o produtor, acusando-o de assédio sexual, agressão e retaliação no ambiente de trabalho[1]. O caso, que ganhou destaque internacional, expõe não apenas um suposto abuso de poder, mas também o silêncio e a vulnerabilidade de artistas diante de figuras influentes no meio artístico, especialmente em produções de temática religiosa.
Dixon, que atuou em 85 episódios de The Oval entre 2021 e 2025, relatou em entrevistas e documentos judiciais um padrão de assédio que teria começado em janeiro de 2020, quando foi contratado por Perry. Segundo o ator, o produtor teria criado um ambiente de trabalho desconfortável, com mensagens de teor sexual e insistência em encontros particulares[3]. Em uma das situações mais graves, Dixon afirma que, durante uma visita à casa de Perry em Atlanta, em junho de 2021, o produtor teria servido bebidas alcoólicas e feito comentários invasivos sobre sua vida sexual. Em seguida, Perry teria conduzido Dixon ao banheiro da casa de hóspedes, pedido que ele tirasse a roupa para ser pesado em uma balança, e, segundo Dixon, abaixou sua cueca e agarrou suas nádegas, ignorando seus pedidos para parar[2].
O ator descreve o episódio como traumático e conta que, após o ocorrido, ficou trancado no banheiro até se sentir seguro para sair. No dia seguinte, Perry teria ligado para se desculpar, dizendo não saber por que agiu daquela forma e sugerindo que estava se autossabotando[3]. Dixon afirma que, mesmo após o incidente, continuou recebendo mensagens de Perry, algumas com teor sexual, e que tentou amenizar a situação com humor para evitar conflitos diretos[3].
Para o público brasileiro, acostumado com escândalos envolvendo celebridades e produtores poderosos, o caso de Tyler Perry chama atenção pelo contexto religioso das produções envolvidas. Perry é conhecido por criar séries e filmes com mensagens cristãs e protagonistas negros, conquistando uma legião de fãs no Brasil, especialmente entre o público evangélico. The Oval e Ruthless são exibidas por plataformas de streaming e canais de TV por assinatura no país, o que torna o caso ainda mais relevante para os fãs brasileiros.
A defesa de Perry, representada pelo advogado Matthew Boyd, nega veementemente todas as acusações, classificando-as como "invenções" e sugerindo que Dixon estaria tentando extorquir o produtor[1]. Boyd afirmou que Perry "não será chantageado" e que está confiante de que as acusações não prosperarão. Apesar das negativas, a denúncia de Dixon ganhou repercussão internacional, levantando debates sobre o abuso de poder, a cultura do silêncio e a vulnerabilidade de atores em produções com forte apelo religioso.
O caso Tyler Perry reflete uma realidade global: mesmo em ambientes que pregam valores morais e éticos, o abuso de poder e o assédio podem acontecer. Para o público brasileiro, que acompanha de perto as produções de Perry e se identifica com suas narrativas, a história serve como alerta para a importância de denunciar abusos e questionar estruturas de poder, independentemente do prestígio ou da influência dos envolvidos.
Enquanto o processo segue em aberto, fãs e críticos aguardam desdobramentos. O caso já inspira discussões sobre a necessidade de maior transparência e proteção para artistas, especialmente em produções que misturam entretenimento e fé. A denúncia de Derek Dixon pode ser apenas a ponta do iceberg em um setor que, até então, parecia blindado contra escândalos dessa natureza.
